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Dos livros para Hollywood

Vários clássicos da Literatura ganharam versões para o cinema. Aclamadas por crítica e público, os exemplos abaixo tiveram refilmagens - em alguns casos não tão bem-sucedidas do que os originais. É impressionante o que um filme pode fazer na vida de uma pessoa. Alguém pode sair do cinema totalmente encantada pela história contada e passar a ler aquele determinado escritor. Foi o que aconteceu comigo com Madame Bovary, de Gustave Flaubert, romance que escandalizou a França do século 19, levando o autor para o banco dos réus. O livro que conta a história de uma camponesa entediada com seu casamento, começa a fantasiar e colocar em prática situações como adultério e dívidas foi levado às telas pela primeira vez em 1949.

"Madame Bovary", dirigido por Vincente Minnelli, conta com a bela composição de personagem de Jennifer Jones. Toda a angústia e ansiedade de Emma é transmitida ao público através de sua performance. É possível ver toda a sede de paixão que a personagem tinha, acrescentando um nítido distúrbio(muito presente em personagens de Jones). Impossível não observar também a presença incrível do ator Van Heflin como o marido "comum", doutor Charles Bovary, que dentro de sua mente comum e de sua vida comum, jamais conseguiu entender a cabeça da esposa. Atentos também à ótima narração de James Mason, como Gustave Flaubert, que começa o filme na côrte. Altamente recomendável.

"Anna Karenina", de Tolstói. Romance publicado entre 1875 e 1877.
Este incrível clássico russo da literatura teve 4 versões para cinema, sendo a última recente onde Anna é vivida pela atriz francesa Sophie Marceau e a 1ª filmada em 1927 com o título de "Love". Mas são suas 2 primeiras versões que até hoje arrancam as mais variadas emoções de platéia e crítica. O livro permanece atual por vários pontos. Um dos mais importantes é a discussão da família, um assunto sempre debatido, por várias gerações, cada uma a seu modo. A outra é a questão do filho nos casamentos falidos, e é neste trecho da obra que as opiniões se chocam: em que posição uma criança deve ficar quando um casamento não dá certo? E o papel da mãe e mulher na sociedade da época, que não dava direito à adúlteras de verem seus filhos, caso abandonassem o lar. Em 1935, o diretor Clarence Brown adaptou o romance às telas novamente com Greta garbo, que havia interpretado a personagem na produção muda de 1927, "Love". Com roteiro de Salka Viertel e produção de David Selznick, este filme honra a todos os apreciadores de roteiro adaptado e também aos fãs de Garbo, com uma belíssima prova de seu talento para o drama. O criador de cenários Cedric Gibbons, em sua época de ouro desde o cinema mudo faz um trabalho magnífico de interiores, com todo o luxo a que levou fama a MGM. Um gênio na arte da criação, o trabalho de Gibbons aparece imortalizado neste filme como na cena do grande baile, onde os convidados(atores principais e muitos figurantes) dançam e criam uma atmosfera de grandeza e ostentação inatingível. Outro grande nome neste filme é o estilista Adrian, responsável por vestir Garbo na Metro. É dele os fabulosos vestidos que a atriz usa. Uma cena de destaque é o reencontro de Anna e seu filho Sergei(vivido por Freddie Bartholomew). A maneira como Garbo criou aquela cena, beijando o rosto do menino repetidas vezes com tanta meiquice é muito tocante.
                                                 Garbo em "Anna Karenina"

"Anna Karenina", de 1948. É considerada a melhor versão para cinema da obra de Tolstói. Aqui, o diretor Julien Duvivier tem Vivien Leigh como Anna e retrata com mais detalhes sua história com Conde Vronky e sua frustrada tentativa de ficar com seu filho. Apesar de muito respeitada, a versão com Greta garbo deu muito espaço à personagem Kitty(Maureen O' Sullivan e mãe de Mia farrow). Assim, perdeu-se o foco principal que é a história de adultério de Anna e o dilema terrível em que vive ao ter que deixar o menino. Além disso, na versão de Julien Duvivier é retratado uma prática espírita que estava se tornado muito comum no século 19: as reuniões espíritas em mesas girantes. Foi a partir destas reuniões que começou o interesse do público europeu nos estudos de Allan Kardec e a doutrina espírita. Vivien traz uma personagem mais delicada e feminina e ainda mais fragilizada. Nesta versão os figurinos foram assinados por Cecil Beaton, um espetáculo à parte a esta refilmagem mais realista do que a de 1935. Feita em Londres, sem os censores americanos prontos para fazer cortes, é bem interessante o final, quando Vronsky sabe da morte de Anna e não demonstra nenhuma reação afetuosa por ela. É uma história de amor onde um se deu demais, neste caso a mulher, justamente a que era vítima de uma sociedade hipócrita e liderada pelos homens.
    Vivien Leigh em "Anna Karenina"

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